Trump eleito nos EUA, lembrei na hora dos questionamentos sobre o funcionamento da democracia feitos por Platão, Tocqueville e o Partido Comunista Chinês. O destino da democracia acabar em uma tirania, os riscos de deixar o povo descompromissado decidir, o papel de uma elite dirigente e pensante, etc.
Antes, o que estava passando pela minha cabeça eram os releases da IBM vendendo o Watson, o futuro da inteligência articial substituindo o papel dos médicos, analisando exames clínicos e fazendo diagósticos, e o título para uma entrevista do Musk, defendendo robôs e a renda básica (aquela mesma do Suplicy) para o futuro em um mundo sem emprego.
Misturando tudo, imaginei trechos de um filme, onde o presidente seria um destes robôs, talvez o melhor, o mais caro, um cérebro eletrônico conectado ao big data dos cidadãos e da história do país. Um presidente app, na nuvem, pairando sobre todos os registros das pessoas e outros robôs. Acessível 24/7, personalizável, conversando com a gente no whats, slack, snap, caixa eletrônico, bike share, o que for, mandando um bom dia, perguntando o que acha da lei de partilha do petróleo ou negociando o pagamento de algum imposto atrasado.
Voltando ao Platão, no tempo dele a democracia supunha funcionários públicos escolhidos por sorteio, para escapar da corrupção, cunhadismos e apadrinhamentos. Na China dos mandarins, desenvolveram um sistema de exames, com provas de caligrafia e poesia, ancestral distante do concurso público e da meritocracia dos procuradores de hoje. Um software com inteligência artificial poderia ser vendido como aperfeiçoamento de tudo isso e muito mais, vir estampado com a promessa de fazer da democracia uma grande ideia novamente.