ABC do Rap Nacional - Ao Cubo

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Foto: Divulgação

Toda série tem um começo. Essa se inicia com a primeira letra do alfabeto. Ouço Rap desde muito novo e acho que nunca escrevi sobre os meus artistas favoritos em lugar algum. A cena anda agitada e novos nomes surgem todos os dias. O movimento que promoveu a criação de uma série de Cyphers uniu MC's de todos os cantos do Brasil e formou uma rede de divulgação.

Cypher?

Aos que não acompanham a movimentação no mundo do Rap, vale uma breve explicação do que é isso. A história do surgimento do termo Cypher é carente de referências completas (pelo menos em minhas pesquisas). Em alguns lugares encontrei algo sobre um movimento ativista negro chamado Five-Percent Nation (algo como Nação dos 5%, se traduzido livremente), criado por Clarence 13X, que posteriormente se auto-intitularia Allah (termo em árabe para “Deus”), na década de 1960.

A história é muito complexa e precisa de mais estudo para talvez posteriormente virar um post, pois pouco se vê sobre isso na internet. O que importa é a informação de que os “5 percenters”, usavam a palavra Cypher como código para os encontros que tinham frequentemente por ser derivada de “Sifr”, que em árabe significa “zero”, e fazer referência a algo como um círculo de discussão. A inserção dessa filosofia e do termo no Rap seria devida à ligação entre o grupo e o Hip Hop.

Expliquei tudo isso para introduzir o assunto que vai iniciar essa série de posts. Complicado, né? O que importa agora é você saber que as Cyphers (reunião de vários MCs em um único som, com versos curtos) trouxeram ao Rap uma notoriedade maior, apesar de algumas pessoas criticarem a ocorrência exagerada desse tipo de criação no cenário nacional. Entre as várias que já vi, deixarei essa para exemplificar antes de começar com o assunto principal:

O que é o ABC do Rap Nacional?

Como o nome sugestiona, pretendo trazer nomes de grupos ou MCs brasileiros que ouço e penso que refletem o meu relacionamento com o Rap. Eu não passo de um admirador do gênero, então esta é uma tentativa de partilhar artistas que fizeram parte da minha trajetória como ouvinte e fã da cultura Hip Hop e dos liricistas envolvidos nela, seja os que eram mais ativos “nas antigas” ou que surgiram recentemente.

Ao Cubo

Quando comecei a ouvir Rap não era tão fácil encontrar novos artistas, então os conhecia através de indicações de amigos. Os meus primeiros contatos foram nomes como Racionais MC’s, SNJ e Ao Cubo, que será o foco do texto.

Em 1996, surgiu o Alternativa C, grupo formado pelos MC’s Feijão, Dom e o DJ Fjay, que encerrou as atividades pouco tempo depois. Anos se passaram (sete, para ser mais exato) e o novo conjunto, agora com a saída do MC Dom e a entrada de Donna Kelly e Cléber nos microfones, começou com os trabalhos do Ao Cubo (nome em referência à Trindade de Deus: Pai, Filho e Espírito Santo). Em 2003, foi lançada a música “Naquela Sala”, que define bem a linha de criação deles.

O intuito da série ABC do Rap Nacional não é falar da história de artistas, mas do meu envolvimento com eles, e falar do nascimento de um grupo é importante para mostrar a sua essência. O meu segundo contato com Ao Cubo foi com a canção “1980”, que para mim é uma das criações do Rap que mais me emocionou. Acredito que é uma das primeiras letras que decorei e tem uma das melhores estruturas de storytelling do gênero.

Não é apenas sobre um grupo cristão. Conheço pessoas que nem são tão envolvidas na questão religiosa e são apaixonadas por essa música. Ela fala sobre fé e do poder de acreditar. Mesmo que as pessoas não acreditem que coisas boas podem se concretizar, a melhor saída é crer em pequenos milagres, que surgem dentro de nós e de ideais, religiosos ou não, e fazem toda diferença no nosso modo de ver o mundo.

Confesso que parei de acompanhá-los e, ao escrever esse texto, comecei a ouvir os trabalhos novos. Me deparei com “Abraço”, o upload mais recente no canal deles do YouTube. Com uma pegada mais leve e o toque do violão tranquilo, fiquei surpreso, mas no sentido positivo da palavra. Não é o Ao Cubo que conheci há anos, mas saber que ainda estão presentes e ativos fez com que eu ficasse muito feliz.

Essa foi a minha primeira contribuição para a série “ABC do Rap Nacional”. Se você gostou, mostre o seu suporte dando upvote, resteem e comentando. O Rap tem voz ativa no meu dia a dia e divulgá-lo é uma forma de agradecimento a ele.

Boa madrugada a todos com essa porção de boa música.

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