Reflexão sobre os pássaros

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Tento me expressar, sobre os pássaros
O tempo passa e os dias não param, não!
E todos sabem bem como acontece
O fim da sua tristeza está no início de uma prece

O canto dos anjos, que também têm asas
Passa despercebido quando eles voam sobre as casas
Ouvidos que não ouvem, olhos que estão cegos
Tristeza me pega e como muitos eu me entrego

E abatido, segue sofrido, o operário que não chegou no horário
Sempre no esforço diário, que marca o itinerário
E o pássaro pousa, no telhado inacabado
Limpa as suas penas tranquilo enquanto o homem pega no pesado

E pesado é o ar no pulmão, danificado pelo cigarro
Na conversa depois do almoço, sua fala carrega o pigarro
Fala do que já passou, do que ficou no papel
E o pássaro, sendo ele mesmo abre as asas, rasga o céu

O que é, o que é, doce como o mel, marca como tinta, mas não vai na ponta do pincel
É forte e te derruba sem te encostar
Não dá pra viver sem ele, mas também pode te matar
Atinge desde o operário até o promotor
E eu me pergunto se os pássaros também sofrem de amor

Tento me expressar, sobre a paixão
Que maltrata o coração, acalma, traz tensão
Da minha boca saem coisas sem razão
No cérebro, nenhuma ação, fiquei sem reação

O sentimento tento trazer à tona pra me expressar
Sobre a paixão que aprisiona e os pássaros que só fazem voar
Não sabem da sua liberdade, aprisionados pela ignorância
E o homem inteligente se prende na gaiola da própria ganância

A inocência da infância se foi e agora vem o frio prato
O destino faz o seu papel e se vinga do homem ingrato
Que tinha as asas da escolha e foi vítima da pretensão
Quis voar muito perto do sol, tentou, mas foi em vão

Agora sua alma flutua pelo universo, ecoando sua ambição
O que tinha era perfeito, mas nem prestou atenção
E o operário, sem asas há tempos, abre a dispensa, sem feijão
Sem esperança, sonhos apagados, ofuscados pelo conformismo
Porque pobreza não combina com perfeccionismo

Ó, pássaro, sábio alado, me ensine a viver de verdade
E cantar alegre com a simplicidade, sem maldade
Queria migrar no inverno, fugir dessa loucura
Pra ver se finalmente eu encontro a cura
Desse medo que eu tenho de ser destemido
Oprimido por mim mesmo, com problemas não lido

Eles me inundam, me afundam, no meu rio de incerteza
Mas na vontade de ser pássaro nado contra a correnteza
Não me preocupo com riqueza, contemplo a natureza do meu ser
Que é a verdadeira beleza

Agora ostento asas grandes, fortes, alço voo ao norte
Olho pra baixo, alto, mas não mais tenho medo da morte
Pois sei que a minha proximidade de Deus deu intimidade
De pousar não tenho vontade, só planar pela eternidade

Desprendido de mim mesmo, como um passarinho
Na copa da árvore faço um ninho, eu sozinho
Meu vizinho operário que mais um dia teve que comer marmita fria
Se foi minha alegria
Me esqueci do operário o tempo todo, mudou o meu ponto de vista
Vejo que continuo sendo bem humano: Egoísta

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