A razão da loucura - Post 2 - Conclusão

O rendimento desse post em Steem e SBD será doado a campanha @zpedro em benefício a suas ações sociais em São Tomé e Príncipe.

Por @mafaldation no link - A ideia é juntar o máximo se SBD possível para ajudar a conta que o @zpedro criou, a @sisou. Desta forma todo o SBD arrecadado neste post será transferido para a conta solidaria @sisou que será transformado em bens, assim que o nosso grande @zpedro for passar uns tempos a São Tomé!

Toda a ajuda para a conta @sisou é bem vinda, todos podemos ajudar sem gastar nada! Juntos somos mais fortes

@helgapn complementa nesse post também em doação.

E por último antes de iniciar, noticio que até julho lançarei aqui um projeto social, visando ações sociais a população de saúde mental do Rio de Janeiro.


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Poster Divulgaçao:Fonte

Boa noite!

Hoje retorno com o post sobre a documentário Estamira, que intitulei A Razão da Loucura, iniciado com esse post, e assim finalizo a resenha sobre o documentário, recomendando a quem tiver interesse que assista.

Tendemos por natureza a não entender realidades diferentes, e uma das formas de nos fazer refletir sobre realidades diferentes, é podermos ver e sentir essas realidades.

Quando um autor, um diretor de cinema, um escritor, ou qualquer expressão da arte consegue colocar seus sentimentos na sua produção, isso pode fazer com que pessoas sintam essa arte, esse nome chamado ato de contemplação, é possível através da empatia estética, uma das formas da empatia. Quem tiver interesse sobre essa representação de empatia o autor A. L. Nobre de Melo discorre em seu livro Psiquiatria - 3ed.

Isso é individual, e estará a mercê da psicologia individual, a mesma que se reproduz nos relacionamentos sociais.

Estamira me desperta esse ato de contemplação, e acredito que pode também cativar muitos a que não conhecem essa comum realidade do brasileiro, mesmo que não seja a maioria, só de haver condições assim de vida, deveria nos fazer refletir sobre nossa sociedade. Que se repercute na desigualdade social vivida em todo mundo.

Foucault em A História da Loucura, traz uma interpretação muito rica em conhecimento, do caminho histórico da loucura, até se tornar estudo da ciências médicas e humanas, em sua interpretação ontológica, que se situa na linha pós estruturalista de pensamento, traz o louco a partir do século XVI passando a ser visto como o portador da verdade.

O que depois tomou outros rumos, em outros tempos, e outras culturas.

E Estamira, em sua atuação natural, traz no seus pensamentos, sua interpretação da realidade construída desde o nascimento, e suas vivencias, no seu âmbito cultural, onde o delírio constituído lhe dá o subterfúgio para estar no mundo, para seguir o ritmo da vida.

Essa realidade que se faz podemos ver o quanto ela diz sobre ela, sobre suas vivências, sobre o que sofreu em sua vida pessoal, no egoísmo humano, desperdício, violência, intolerância, injustiça social, falta de acesso a serviços básicos, a direitos básicos, e muitos outros temas presentes em sua narrativa.

Ao mesmo tempo traz seus momentos de felicidade, de relacionamentos familiares, de alegrias e tristezas, de angústia e raiva. Igual a qualquer outro ser humano.

E assim como compartilhamos tanto em comum, também compartilhamos tanto em diferenças.

E assim se constitui as sociedades humanas, e mesmo sabendo disso, ainda somos tão pouco efetivos e inertes, deixando de sermos sujeitos políticos, e deixando a política ser feita por muitos políticos vazios em humanidade.

No fim Estamira é mais uma pessoa, que diante de uma vida difícil, tão difícil a ponto de se tornar insuportável, se reorganiza para lidar com o sofrimento, e seguir em frente, ter sua família, sua casa, sua renda.

Ela não sofria pelo seu trabalho no lixão, era sua fonte de renda, se orgulhava dele, ela sofria pela suas vivências do passado, de sua constituição psíquica, e sua luta pessoal, e subjetiva, que a fez dar sentido a sua existência.

Não é isso que todos buscamos ? Um sentido a nossa existência?

“Bem, então agora vamos. Eu nasci em 07/04/41, a carne e o sangue, o formato. Formato homem for... mãe e avó. E aí sabe o que aconteceu ? Eles levaram meu pai no 43, aí nunca mais meu pai voltou. Entendeu? Meu pai me chamava de tanto nomezinho, chamava eu duns nome engraçado, merdinha, neném, fiinha do pai. Aí então depois sabe o que eles falaram? Depois que meu pai morreu, aí então minha mãe ficou para cima e para baixo comigo. Judiação né? Coitada da minha mãe, mais perturbada do que eu. Bem eu sou perturbada, mas lúcida e sei distinguir a perturbação. E a coitada da minha mãe não conseguia. Mas também pudera, eu sou Estamira. Se eu não dar conta de distinguir a perturbação, eu não sou Estamira, eu não era, eu não seria.
Estamira

Somos levados pelo do prazer individual, e é o nosso funcionamento dentro da nossa realidade individual, onde nosso inconsciente comanda nosso consciente, que se faz possível nos faz nos relacionar, sermos seres individuais, e sociais, sendo possível interagir com a gente em nosso subjetivo, com o outro, com o tempo, com o mundo, com a realidade, com o real, e vai variar na singularidade individual.

O quanto estamos disponíveis para entender a pessoa que nos relacionamos?

E quanto cada um está disponível para se responsabilizar pelas suas relações sociais?

Enfim, Estamira é uma lição para quem estiver disponível a aprender, aprender a escutar e entender realidades diferentes, um exercício que me proponho a fazer diariamente em minha prática, para não ser como ela diz “um esperto ao contrário” ou mesmo apenas um “copiador”, na minha profissão.

Entretanto, é um exercício que proponho a quem quiser fazer. Somos uma espécie dependente do outro, e só através das relações humanas, nos tornamos seres mais sociais, e assim talvez possamos nao aliviar a dor do mundo, mas a dor de quem está ao seu lado.

No final podemos ou não compreender que a loucura tem toda razão?

Certamente, não dou a mínima importância àqueles sabichões que falam sem parar da insanidade e da impertinência dos que louvam a si mesmo. Seja loucura o quanto quiserem, terão de reconhecer sua coerência… De mim ouvireis um discurso extemporâneo e improvisado, e por isso mesmo mais verdadeiro”.
Elogio da Loucura - Erasmo de Rotterdam



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