Steemit e criptomoedas como ferramentas para economia solidária, moedas sociais e clube de trocas

Uma das grandes vantagens do Steemit é ser uma porta de entrada sem custo ou necessidade de investimento para o mundo das criptomoedas e da tecnologia blockchain. Isso pode facilitar com que clubes de troca e gestores de moedas sociais testem formas de integrar ou calcular uma paridade entre a moeda digital Steem e suas moedas sociais.

Como no Brasil e na América Latina temos exemplos bem sucedidos de moedas sociais, sistemas monetários alternativos e LETS (Local Exchange Trade Systems - Sistema de Trocas Locais), uma experiência como esta pode ter grande potencial.

Acredito que para os clubes de troca e bancos comunitários que emitem moedas sociais, passar a aceitar Steem ou outras criptomoedas pode ser uma forma de ampliar os usuários, atrair jovens e incluir atividades digitais dentro dos produtos e serviços disponíveis em seus ecosistemas.

Blockchain e criptomoedas em bairros

Teoricamente, até mesmo novos clubes de trocas baseados na vizinhança poderiam ser iniciados a partir do Steemit, onde o steem funcionaria como a moeda social, exclusivamente digital. Isso não seria problema se a comunidade tiver amplo acesso à internet e celulares.

Um blog no Steemit com notícias, informaçōes e ofertas locais do bairro e da comunidade poderia ser o canal agregador, estimulando comerciantes, prestadores de serviço e clientes a interagir e transacionar com a criptomoeda. Cada um destes vizinhos passaria a criar conteúdo, promoções e ofertas, gerando mais steems e atraindo novos usuários em um círculo virtuoso.

Claro que para isso seria necessário iniciar como qualquer banco social, ou seja, ofertar produtos, de preferência bens de capital - o exemplo mais comum é da máquina de cortar frios para o pizzaiolo que ainda usa faca - que seriam pagos apenas em moeda social ou criptomoeda. Isso faria com que o comerciante passasse aceitar a moeda alternativa para pagar as parcelas.

Blockchain em Bancos Comunitários

Já em uma comunidade com uma moeda social circulando, como a que existe no Conjunto Palmeiras (Banco Palmas) no Ceará, integrar com o Steemit permitiria que criadores de conteúdo, jornalistas, músicos, designers, programadores e empreendedores digitais blockchain participassem da economia local. Imaginem que sucesso seria uma edição da Steemfest lá com todo o comércio aceitando steems :-)

Não sou economista mas talvez uma ameaça para esta ideia seja uma eventual ação de "whales" (usuários com muitas criptomoedas) externos que eventualmente se aproximassem destas comunidades para comprar recursos de forma desproporcional. Para evitar esse risco talvez sejam necessários limites, controles ou taxas para não locais.

De qualquer forma o encontro entre as criptomoedas e as moedas sociais tem tudo pra acontecer em um futuro próximo, parece que o projeto Nabucodonosor, da Escola de Redes aposta neste caminho. Apesar da vantagem de estar em português e oferecer um cartão de físico para o câmbio em reais, exige um custo inicial de R$350,00.

Neste cenário o Steemit leva grande vantagem, está tudo pronto, é só fazer um plano, reunir a vizinhança, bairro, comunidade ou favela, e começar.


Fotos sob licença creative commons no Flickr, autores ksa rosa Novo Horizonte (Moeda social Mate), Lumo Coletivo (Palme Limpe e Cédula Palmas).

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