Comecei a escrever para a Internet em 2001, quando cursava a faculdade de jornalismo em São Paulo. Na época, não era tão simples publicar como é hoje. Eu produzia os textos, salvava em um disquete e levava para a redação da agência universitária.
Fotografar também não era tão simples. Eu tinha uma máquina fotográfica, mas ninguém iria esperar eu levar o filme para revelar pra ver se a foto havia ficado boa. Mas tinha a Sony digital do curso, que salvava direto no disquete e a gente reservava uma hora para usá-la.
Depois da revisão, meu texto era publicado no site da agência de notícias do curso. Pronto, lá estava o que eu havia escrito disponível para todo mundo. Só que não. Eram poucas as pessoas que tinham uma conexão de Internet para ler.
De vez em quando, chegava um e-mail comentando a matéria publicada ou um colega me cumprimentava contando que havia lido no computador da biblioteca. Era a nossa caixa de comentários.
Uma das matérias que mais me deu trabalho foi sobre uma rádio de ondas curtas que burlava a proibição de governos autoritários, como a China e a Arábia Saudita, transmitindo a partir de países vizinhos.
Nesse dia, o professor me chamou na redação da agência e cobrou que eu precisava entrevistar pessoas reais.
– Você tem que marcar a entrevista e gravar, por acaso você foi à China ou à Arábia Saudita?
Espantado com a desconfiança dele, argumentei que eram contatos que eu havia feito pela Internet.
– Professor, todas as entrevistas da matéria são reais. Conversei por e-mail com cada um deles.
Ele parou, pensou um pouco e concordou.
– Ah, bom. Se você mesmo fez todos estes contatos, tudo bem.
Por um momento, achei que o trabalho de uma semana de entrevistas havia sido em vão mas, enfim, o texto foi publicado.
Próxima capítulo: Subindo no telhado