Desde que sai pra estrada eu fui adepto da sincronia. Ela tem varias explicações em varias linhas de filosofia diferentes, mas sempre se resumem a mesma coisa "Tudo acontece no seu tempo, e da forma que tinha que acontecer" Acabei ficando muitos dias sem postar os diários da estrada e quase me senti mal por isso, até que fui ler onde eu parei e encontrei isso:
23/10
Novamente eu fico vários dias sem escrever, desde que sai do Festival se passou quase um mês. Vou resumir em pontos:
- Fiquei na casa dos amigos que conheci no Revolution
- Peguei piolho e raspei todo o cabelo e barba
- Trabalhei na rua e me fodi
- Finalmente encontrei a família e fui embora de Floripa
- Conheci Ferrugem
- Conheci o Vale da Utopia
Ou seja, bem na época que eu deixei de posar aqui, foi uma época que eu tb não escrevi nada no caderno. Eita Sincronia boa!!!
Mas pra não deixar o post assim vazio, vou contar o que lembro dessa passagem: Fiquei na casa dessa galera e me salvou muito o fato de um dos meninos que morava lá ser padeiro, então todo dia ele voltava com coisas da padaria e me salvavam por ter o que comer. Me fodi na rua pq era fora de temporada, e os nativos gostam que vc gaste dinheiro, não tente "tirar" deles. Peguei piolho e não teve solução, raspei tudo mesmo (foi engraçado que eu não falei pra ninguém, então varias pessoas não me reconheceram... hehehe) Finalmente consegui encontrar a família, já que cada um ficou num ponto da ilha, tava foda o encontro. Nesse mesmo dia descobri que tinha um amigo subindo pra SP, mas que antes ia passar por ferrugem e pelo vale da utopia. Topei na hora ir embora logo dali, já que estava cansado de não dar certo ficar na ilha. Claro que coisas boas aconteceram, conheci vários lugares lindos, mas ficar sem um puto muito tempo e não conseguir com minha arte me deixaram bem frustrado.
A praia de ferrugem é linda, acampamos em baixo de um quiosque abandonado e de manha vimos as baleias jubarte perto da costa. Uma pena que não tenho mais os registros de fotos desse momento, pq foi muito magico mesmo. Seguimos caminho para o vale da utopia.
Fonte: Blog das Viajantes
Pra quem não conhece, o vale fica na Guarda do Embaú, sendo necessário uma trilha para chegar lá. O lugar é maravilhoso, super reservado, tem apenas aquela casinha ali onde mora o "dono" do vale. Você pode ficar a vontade nas pedras, na água,onde quiser!!!
Acampamos perto de umas pedras mais pra cima (não aparece na foto) e eu estava lendo o "Erva do Diabo" do Carlos Castaneda. Tinha em minha mente todas aquelas histórias e numa noite onde só ficou eu na fogueira (todos foram dormir) apareceu um homem negro, com um violão na mão, e pediu pra sentar comigo ali. Conversamos a noite inteira sobre a vida, o universo e a espiritualidade. Pouco antes do sol nascer ele se despediu e agradeceu a companhia. Falei pra ele que eu quem agradecia e que seria sempre bem vindo nas minhas fogueiras. O sol nasceu, conversei com o pessoal e ninguém viu ou ouviu nada noite inteira (isso que cantamos ao som do violão dele e em alguns momentos até gargalhamos bem alto) Quando fui perguntar para o morador da cabana se tinha mais alguém no vale, ele falou que sim, mas nenhum com a descrição que eu dei. Fiquei imaginando se tinha sido uma aparição, se por conta de ler sobre os mundo do Castaneda não se manifestou alguma força da natureza ali.Fiquei super feliz e meio assustado ao mesmo tempo (por mais que eu tenha vivido varias experiencias sobrenaturais, sempre me da um frio na espinha quando acontece).
Nos despedimos do belo Vale e seguimos para São Paulo, onde desceria em Campinas, para pouco tempo depois, iniciar minha verdadeira jornada nos senderos ancestrales...
Essa é uma série que envolve minhas viagens pelo Brasil. Encontrei meus diários e resolvi compartilhar eles aqui.
- Apresentação - Inicio da série
- Capitulo Anterior - Uma Proposta Indecorosa
- Próximo Capitulo - Cansei de ser loucão
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