Os próximos dias em Caxias do Sul foram tranquilos, eu fazendo sinal, meu amigos vendendo artesanato no centro, tínhamos comida, bebida e moradia garantidas. E todas as noites fazíamos festas na casa, já que uma das moradoras era Dj e deixava o equipamento montado na sala, então brincávamos de mixar algumas musicas. Os dias corriam largos e serenos, havia um bom tempo até o próximo festival em Santa Catarina, então pudemos aproveitar bastante esse período.
Um dia estávamos a toa e um amigo chegou dizendo que ia ter um evento comemorando a semana da ecologia. Poderia ser um bom local para expor os artesanatos e quem sabe poder passar um chapéu. Nós pegamos as nossas coisas e nos dirigimos até a praça onde estava acontecendo o evento. Na hora eu já me liguei que não rolaria passar o chapéu: era um evento da prefeitura, com um monte de Policia e afins. Normalmente essa galera não curte muito artistas de rua, e também não tínhamos autorização da prefeitura para agir ali. Eu ja sentei na grama e desencanei de fazer, enquanto meus amigos ainda avaliavam se valia a pena ou não abrir o pano.
Nessa hora chega um cara da prefeitura e fala que uma das atrações não poderia apresentar, e pergunta se nós eramos um grupo de artistas. Na mesma hora meu amigo levanta e fala que somos a banda Espirarte e estávamos de passagem por ali, que dependendo do cache a gente poderia tocar e cobrir esse espaço. Tinhamos de instrumentos musicais 2 didgeridoos, um djembe, meus malabares e um berimbau de boca. Meu amigo acertou o cache com o rapaz e iriamos entrar a sequencia. Decidimos que eu seria o apresentador da parada e os outros os músicos. Nem 15 mins depois estavam nos chamando para o palco.
Comecei agradecendo a oportunidade de estar ali e contei a história da banda: Estavamos a 8 anos na estrada, viajando por toda a america latina, nosso som é instrumental experimental com inclusão de malabares e dança, e bla bla bla bla bla bla bla. Contei a história mais cabulosa que imaginei e fomos ao som. Nossa sorte que o amigo do djembe mandava bem em segurar o ritmo, enquanto os outros iam improvisando com os didgeridoos, o berimbau de boca e eu hora fazia o malabares, hora fazia vocalizações.
Até que chegou o momento da pegadinha: entre cada musica eu falava algo sobre a história, criação ou inspiração da musica, e nessa eu falei "Por estarmos tanto tempo juntos na estrada, nós acabamos também estudando os outros instrumentos, então nessa próxima musica cada integrante vai tocar um instrumento diferente" Meu amigos me olharam apavorados e eu fui e ja garanti um didgeridoo. Os outros foram até os outros instrumentos e até que saiu um som rasoavel, altamente psicodelico e experimental. no meio da musica eu larguei o instrumento e fiz um numero de dança, estava inspirado pela loucura de estar fazendo o que estávamos fazendo.
Quando terminamos o rapaz veio, nos agradeceu, falou que fomos sucesso pq as pessoas daquela cidade nunca tinham tido contato com esse tipo de som e afins, pagou nosso cache e ganhamos um lanchinho. E perguntou se tinhamos site, se era possível ouvir novamente nossas musicas. Falamos que o tempo na estrada não ajuda a ser virtual, mas que adoraríamos voltar mais pra frente apresentar de novo. Pegamos o contato dele e fomos embora.
Uma pena eu não ter nenhum registro desse dia. Lembro que alguem filmou mas essa filmagem já se perdeu faz muito tempo. Hoje ela é apenas uma lembrança, agora compartilhada com vocês.
Essa é uma série que envolve minhas viagens pelo Brasil. Encontrei meus diários e resolvi compartilhar eles aqui.
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- Próximo Capitulo - Revolution Festival
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