Entre 2010 e 2014, meu trabalho era no Facebook. Não na empresa, no site mesmo. Enquanto as empresas bloqueavam o acesso à rede social, eu entrava no Facebook para trabalhar.
Com a decadência do Orkut, os brasileiros passaram a adotar em massa o site do Mark Zuckerberg. A maioria das comunidades haviam perdido a utilidade e se tornaram mais salas de bate-papo do que fórum e o Facebook havia lançado o news feed, um recurso que havia dado muito certo no Twitter.
Outra novidade foram as páginas públicas, também inspiradas no modelo de negócio do Twitter. Na verdade, o Facebook havia tentado comprar o site e não havia conseguido. Então, a solução era copiar o sistema. E deu certo.
Eu já trabalhava utilizando o Twitter para divulgar os trabalhos dos meus clientes para uma audiência significativa, era impensável alcançar milhões de pessoas sem um veículo de comunicação tradicional como jornal, revista, rádio ou TV antes. E o Facebook aumentou ainda mais essa audiência.
Quando eu estive na plateia do CQC, em uma das gravações do programa, o Marco Luque me apresentou ao terceiro integrante da bancada.
– Este aqui é o Casagrande, que criou a minha conta no Twitter. Se você quiser, ele cria uma página no Facebook pra ti também.
– Cara, isso eu mesmo faço. – ele desconversou.
Na época, era um algo novo, nem todos haviam criado ainda, e é muito comum pessoas públicas delegarem esse tipo de tarefa, mas não me incomodei com a dispensa.
Pouco tempo depois, por telefone, o Marco Luque me contou que o Rafinha o havia procurado.
– Cara, como você faz para ter tantos likes?
Então, não era tão simples assim. Com tanta conteúdo, o site havia alterado a ordem cronológica do news feed e passou a mostrar apenas o que tinha mais repercussão. Para isso, os analistas de mídia social trabalhavam para gerar conteúdo que tivesse impacto logo nas primeiras visualizações e assim chegava a mais usuários.
Como eu utilizava o site diariamente e me atualizava constantemente, tínhamos ótimos resultados e acesso aos funcionários da empresa, que faziam questão de atender qualquer questão relacionada a pessoas públicas. Existe um departamento para isso, inclusive.
Por um bom tempo, o Facebook era um local onde os usuários se divertiam e interagiam bastante, mas surgiu um fenômeno, gerado através do algoritmo que gerencia o que aparece no news feed, que comprometeria muito o sucesso do site.
São as chamadas “bolhas sociais”, a disputa por atenção passou a ser tão grande que só apareciam conteúdos de páginas e perfis que haviam recebido mais curtidas anteriormente e o Facebook não traria mais novidades, apenas mais do mesmo.
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