De longe não é feia/ tem voz de uma sereia/cuidado, não a toque, ela é má/ pode até te dar um choque
Na semana passada, eu participei pela primeira vez do projeto Dicionário da Música Brasileira iniciado pelo @thomashblum. Como eu gostei muito da ideia, pretendo contribuir toda semana. Para a minha surpresa, ninguém ainda falou de uma mulher.
Na fase dos Mutantes, Rita Lee fumou maconha no banheiro do Palácio da Alvorada (Foto: Divulgação)
Pelo título, não é surpresa para ninguém que esse post irá falar da Rita Lee. O primeiro show da minha vida foi o dela. Lembro como se fosse hoje. Na época, ela falou que seria a última apresentação. Depois disso, deve ter feito só mais uns dois shows.
Levava uma vida sossegada
Gostava de sombra e água fresca
Meu Deus, quanto tempo eu passei
Sem saber
Foi quando meu pai me disse
Filha, você é a ovelha negra da família
Agora é hora de você assumir e sumir
Cantora, compositora, multi-instrumentista, atriz, escritora e ativista brasileira, conhecida como a "Rainha do Rock Brasileiro", Rita já vendeu 55 milhões de discos. Ex-integrante do grupo Os Mutantes (1968-1972) e do Tutti Frutti (1973-1978), ela está afastada dos palcos desde 2012.
No ar que eu respiro
Eu sinto prazer
De ser quem eu sou
De estar onde estou
Agora só falta você
Nascida em 31 de dezembro de 1947, a cantora gostava de extravasar no palco passeando por um vasto repertório desde rock, bossas, baladas românticas até latinidades. Suas letras parecem revelar bem suas intenções pessoais sem pudor ou preconceitos.
Nem toda feiticeira é corcunda
Nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho que muito homem
Tal característica tornam suas composições populares e conhecidas. Entre elas: Ovelha Negra, Mania de Você, Lança Perfume, Agora Só Falta Você, Baila Comigo, Banho de Espuma, Desculpe o Auê, Erva Venenosa, Amor e Sexo e Doce vampiro.
Da próxima vez eu me mando
Que se dane meu jeito inseguro
Nosso amor vale tanto
Por você vou roubar os anéis de Saturno
Em 2008, Rita ocupou o 15° lugar na Lista dos 100 Maiores Artistas da Música Brasileira, publicada pela revista Rolling Stone. Em 2016, lançou sua autobiografia. Com páginas carregadas de honestidade, alguns preferem intitular como “o diário de uma vida louca”, “do primeiro disco voador ao último porre” ou “confissões da ovelha negra”. Nela, ela conta sua infância, a carreira artística, seus relacionamentos, família, o abuso sexual e outros episódios de sua vida conturbada.
“Quando eu morrer, posso imaginar as palavras de carinho de quem me detesta. Algumas rádios tocarão minhas músicas sem cobrar jabá, colegas dirão que farei falta no mundo da música, quem sabe até deem meu nome para uma rua sem saída. (…) Epitáfio: Ela nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa.” (Trecho do livro “Rita Lee – uma autobiografia”)
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